SAN DIEGO* - “Matando dois coelhos com um telefone só”, dizia a CNN em 1998. A frase é referente a uma categoria de produtos tecnológica que, apesar de muito antiga, só veio a se tornar algo grande a partir de 2007, com a chegada do primeiro iPhone. E tudo isso nasceu com o pdQ, da Qualcomm, o primeiro smartphone do mundo, que o Portal de Notícias da Tecnologia (parecido com o Mente Digital) Olhar Digital teve a oportunidade de conhecer de pertinho.
“Um gadget que parece saído dos filmes do James Bond”, afirma a mesma matéria. Mas afinal de contas, por que ele é considerado o primeiro smartphone da história? Ele foi o primeiro a combinar as funções de PDA (assistente pessoal digital) e telefone celular, algo que a Apple rejeitou fazer com o fracassado Newton. Literalmente: a Qualcomm procurou a Apple para criar um smartphone, mas Steve Jobs não achou uma boa ideia. Nove anos mais tarde, ele lançaria o primeiro iPhone.
Mais do que apenas ter as funções de um PDA (mais especificamente do Palm III), o pdQ também podia aproveitar a rede de telefonia móvel CDMA para acessar a web, algo que ainda não havia sido registrado na história.
Você provavelmente ainda não havia ouvido a sigla pdQ na sua vida (se você já tinha, está de parabéns). Não é surpresa, no entanto. O aparelho foi um fracasso de vendas, principalmente por ser grande e pesado, mais até do que a média da época. Mesmo assim, ele serviu a um propósito importante para a Qualcomm, que foi demonstrar a capacidade da tecnologia CDMA, ajudando a companhia a chegar até o lugar privilegiado em que está hoje no mercado de mobilidade. Pouco tempo depois, a divisão de produção de celulares seria vendida para a Kyocera.
E quando falamos em “grande e pesado”, não estamos brincando. São 3,5 centímetros de espessura, o que significa que é possível empilhar cinco unidades do iPhone 6 ao lado do pdQ e o celular da Qualcomm ainda seria mais alto. Ele também pesava literalmente no bolso, chegando a 277,8 gramas. Não parece muito para um “tijolão”, mas o Nokia 5110, lançado em 1999, pesava apenas 170 gramas. Voltando à nossa unidade de medida de anteriormente, o aparelho pesa cerca de 1,6 iPhone 6.

O resultado é que a experiência de manuseio do aparelho se tornou bastante estranha até mesmo para a época; para nós que já vivemos em um mundo de Galaxy S6, LG G4 e iPhones, trata-se de algo de uma esquisitice de tamanho colossal.
O resultado é que a experiência de manuseio do aparelho se tornou bastante estranha até mesmo para a época; para nós que já vivemos em um mundo de Galaxy S6, LG G4 e iPhones, trata-se de algo de uma esquisitice de tamanho colossal.
O pdQ se destaca dos demais produtos da época pelo flip. “Mas vários celulares tinham flip na época”, você pode estar gritando para a tela. A diferença é que o teclado numérico era posicionado na parte de fora da área móvel do aparelho; na parte interna, há um display maior sensível ao toque, usado para navegação. O usuário interage com o touchscreen principalmente por meio de uma stylus que acompanha o aparelho.
Por dentro, ele tinha um processador de 16 MHz, 2 MB de memória RAM e outros 2 MB para armazenamento. Ele rodava o sistema Palm OS, desenvolvido pela Palm, que naquela época fazia parte da 3Com. As duas companhias já deixaram de existir. O software foi criado para PDAs, mas adaptado para celulares, com alguns recursos especiais, como a revolucionária opção de fazer ligações a partir da agenda de contatos do Palm OS. Pode parecer brincadeira, mas isso não existia na época e algo do tipo realmente foi inovador.
Sua tela de LCD 3,5 polegadas concentra uma resolução de 240x160, totalizando uma densidade de 82,41 pixels por polegada. Para comparação, o Moto E da primeira geração, um aparelho baratinho hoje no mercado, tem aproximadamente 256 pixels por polegada em sua tela. E não é possível se esquecer: havia apenas duas cores: o verde, usado no fundo, quando os pixels estavam apagados, e o preto, quando estavam ativos.
Mesmo assim, o pdQ estava à frente do seu tempo, trazendo até mesmo aplicativos, ainda que muito simples. Além de oferecer funcionalidade de navegador web e gerenciador de e-mails, havia mais de 1 mil opções de apps baseados na plataforma Palm OS, a maioria voltada para produtividade. Por ser diferente dos outros PDAs, o celular possuía ferramentas específicas, que possibilitava que desenvolvedores tivessem acesso às ferramentas telefônicas.
Por fim, a câmera. O aparelho tem um sensor de 0 megapixels com uma lente com abertura f/0, com zoom digital de até 0x. Brincadeirinha, claro. O pdQ foi criado antes de câmeras para celulares existirem, então obviamente não é possível fotografar com ele.
Mais algumas informações interessantes: ele foi lançado custando entre US$ 700 e US$ 800 numa época em que o dólar valia muito mais do que hoje. Ele vinha com um carregador com HotSync, que também servia para trocar informações com o computador, já que o padrão USB ainda estava longe de ser o que é hoje. Para finalizar, sua bateria tinha duração estimada em 50 horas em stand-by e 2,5 horas de conversação. E você ainda reclama que a bateria do seusmartphone não aguenta o dia todo.
*O jornalista viajou a San Diego a convite da Qualcomm
*O jornalista viajou a San Diego a convite da Qualcomm
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